Especialista em saúde da mulher do Grupo Fleury comenta os desafios do diagnóstico do câncer de ovário
No mês de maio, as organizações de saúde chamaram a atenção para a luta contra o câncer de ovário. O médico ginecologista Gustavo Arantes Rosa Maciel, Consultor Médico em Ginecologia e Biologia Molecular do Grupo Fleury e Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, relata a dificuldade na detecção da doença e pontua o papel dos marcadores no complexo diagnóstico.
Quais os maiores desafios no diagnóstico do câncer de ovário?
Dr. Gustavo Maciel – Sabemos que o câncer de ovário não é dos mais comuns, está em sétimo lugar entre os que acometem as mulheres, mas está entre os mais letais. Na grande maioria das vezes, o diagnóstico vem tardiamente. Isso é um problema. Muitas vezes, fazemos um esforço para tentar buscar esse câncer, principalmente porque ainda não existe um marcador para detectar esse tipo de câncer em estágio inicial, como acontece nos casos de mama, em que conseguimos fazer o rastreamento em pessoas não doentes.
Na sua opinião, quais são as melhores condutas para a detecção da doença?
Dr. Gustavo Maciel – Pode-se suspeitar de câncer de ovário na presença de sintomas inespecíficos que costumam aparecer mais em pessoas com idade acima dos 40 anos, como náusea inexplicada, alguma dor na barriga, mudança no padrão de funcionamento do intestino ou emagrecimento inexplicado. Quando há muita dor, há grande chance do tumor já estar em estágio avançado. É importante fazer uma investigação do histórico da paciente e das suas atividades rotineiras, e ter uma conversa com o ginecologista que já conhece aquela paciente. Mas, na maioria das vezes, a descoberta acontece por meio do ultrassom, que tem se tornado cada vez mais parte de um exame físico. A imagem costuma revelar uma massa ou tumor na região do ovário ou das trompas, ou um cisto complexo. A partir disso vem o segundo passo, no qual se realiza uma série de procedimentos para o entendimento daquela massa com os exames de marcadores tumorais.
Nesse contexto, qual o papel dos marcadores CA 125 e HE4? Quando utilizar um ou outro ou ambos?
Dr. Gustavo Maciel – O CA 125 é um exame que tem boa sensibilidade para câncer de ovário, mas não é tão específico. Esse marcador aumenta muito quando há o câncer de ovário, mas também pode se alterar em situações diversas, como no período menstrual, quando há alteração intestinal ou em casos de endometriose, por exemplo. O marcador HE4 é mais específico, em geral se altera bastante quando há a presença do câncer de ovário. Esse marcador é bastante útil para identificação e diagnóstico de malignidade diante de um cisto ou massa anexial que gere dúvidas ao diagnóstico estranho ou uma massa específica. O ideal é utilizar os dois marcadores em conjunto. Um, por sua alta sensibilidade e o outro pela alta especificidade. A medicina ainda está muito atrasada na descoberta do câncer do ovário, qualquer novidade que venha apoiar um pouco, já é bem-vinda. Por isso utilizamos esses índices. Cada qual tem um poder diagnóstico, se juntamos mais de um, aumentamos as possibilidades.
Alguns dados epidemiológicos do câncer de ovário que apoiam o diagnóstico:
– O pico de incidência se dá em mulheres entre 55 e 65 anos de idade, que representam 25% dos casos
– Cerca de 1.3% mulheres com menos de 20 anos são acometidas pela doença
– O câncer de ovário é em sua maioria epitelial, ou seja, surge na parte externa do ovário. Isso significa que não há produção hormonal, apenas crescimento. Pessoas que utilizaram anticoncepcional por mais de cinco anos têm reduzida em 50% a chance de se ter câncer epitelial de ovário
O Grupo Fleury foi o primeiro laboratório no Brasil que lançou comercialmente o HE4. A Abbott, em seu intuito de cuidados à saúde e melhora da qualidade de vida, possui em seu portfólio oncológico o ensaio HE4, um imunoensaio quimioluminescente de micropartículas (CMIA) para determinação quantitativa do antígeno HE4 em soro humano nas plataformas Alinity i e Architect. O Alinity i HE4 é indicado para uso tanto em mulheres diagnosticadas com câncer epitelial de ovário, monitorando o estágio da doença, ou para estratificação de risco em pacientes que tenham massa anexial.
Veiculado em 11/08/2021